A posição de guarda-redes é muito específica e, por isso, obriga a ter uma abordagem diferente. Há alguns aspetos que considero fundamentais trabalhar num guarda-redes: a capacidade de adaptação, a persistência, a resiliência e a força mental.
A gestão dos guarda-redes num plantel deve ser muito bem definida e estruturada a médio e longo prazo. Há três aspetos que considero fundamentais e que devem ser tidos em conta: competitividade, força mental e aposta na formação.
Competitividade: é fundamental conseguir encontrar dois guarda-redes com qualidade elevada e que possam ser titulares indiscutíveis, de modo a criarem entre si uma rivalidade saudável e, com isso, trazerem maior qualidade e competitividade ao grupo.
Passemos à força mental. Os guarda-redes devem ser moldados para terem um grande equilíbrio emocional e força de liderança, de forma a transmitirem ao setor mais recuado uma maior segurança e melhor coordenação.
Um guarda-redes forte mentalmente e com grande espírito de liderança transmite, não só a si próprio, mas também ao grupo, uma maior tranquilidade e segurança.
No que toca à aposta na formação, sou da opinião de que, num plantel, não devem existir mais do que três guarda-redes, sendo que o terceiro deve vir da formação.
É importante que assim seja porque, a meu ver, traz ao jovem da formação uma maior capacidade de evolução e motivação para trabalhar e crescer tecnicamente e, com isso, ser aposta a médio prazo.
Um grupo de guarda-redes forte faz com que o mesmo seja rico no seu potencial e renda a curto, médio e longo prazo.
Para mim, todos têm a mesma importância e, por isso, não há guarda-redes de primeira, segunda ou terceira opção.
Nos tempos que correm, é fundamental que um guarda-redes tenha uma grande capacidade de liderança e segurança em si próprio.
Com as equipas a jogarem cada vez mais com os blocos subidos, os guarda-redes acabam por estar mais expostos, assim como toda a linha defensiva.
Se um guarda-redes for forte mentalmente e tiver um bom espírito de liderança, conseguirá, ao longo do jogo, transmitir segurança e organização ao setor defensivo.
Não é, de todo, uma posição fácil de trabalhar. É das mais ingratas no futebol, não só porque apenas joga um, mas também porque exige uma maior capacidade de leitura de jogo e uma grande força mental.
Considero fundamental que um guarda-redes tenha um bom jogo de pés, agilidade na abordagem ao jogo e que seja um porta-voz de tranquilidade na equipa.
É extremamente difícil trabalhar um guarda-redes no seu todo, não só porque nem todos são opção, mas porque um simples erro está sujeito a maior crítica.
Por vezes, o trabalho mais importante de um guarda-redes não está apenas na execução técnica, mas, principalmente, na forma como está em jogo e como protege a si próprio e à restante equipa.
Podemos achar que o trabalho com um guarda-redes é dos mais fáceis. Não é. Pelo contrário, é dos mais complexos. São treinos mais específicos, mais exigentes a nível físico e de leitura de jogo.
De um guarda-redes espera-se espírito de superação e resiliência. Se um guarda-redes souber juntar esses ingredientes à sua técnica, será certamente mais completo no desempenho do seu papel.
A chave para o sucesso está na capacidade de saber esperar e, ao mesmo tempo, evoluir, para depois agarrar o lugar na primeira oportunidade que surgir.