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«Aquilo que é criticável é os seus associados não terem tido a oportunidade de se manifestarem»

Jorge Oliveira, Coordenador da Formação do Ribeira do Neiva, mostrou-se a favor do cancelamento dos campeonatos, mas sublinha que a AF Braga deveria ter ouvido os clubes filiados e propor a subida de divisão das equipas que se encontravam nessa posição aquando da paragem dos campeonatos. 

Desportivo: Concorda com a anulação dos campeonatos da formação?
Momentos de excepção requerem medidas de excepção. Foi neste pressuposto que todos os clubes da Associação de Futebol Braga (AFB) pararam imediatamente toda a sua actividade, logo que o assunto COVID 19 foi despoletado no nosso País.

Estou convencido que a própria AFB se questionou sobre esta tomada de decisão e de todas as implicações que a mesma traria. Foi este o caminho, podia ter sido outro. Cabe-lhes decidir, assim o fizeram.

Aquilo que é criticável, no meu entendimento, é os seus associados não terem sequer tido a oportunidade de se manifestarem.
Não acredito que houvesse entendimento, porque pelo que vou lendo, as opiniões são díspares, mas uma auscultação devia ter acontecido. Chamamos a isso democracia.

Os associados não podem servir, apenas, para pagar custas de manutenção da Associação. Com os meios tecnológicos existentes, via email, por exemplo, podia ter sido feito um levantamento das opiniões. Assim não fizeram, são soberanos. A decisão está tomada.

 

-AF Braga fez bem em seguir as directrizes da FPF?
A AFB é associada da FPF e tendo sido emanada uma orientação do organismo que tutela as associações, obviamente que fez bem ter seguido as directrizes. Nem podia ser de outra forma.

Aquilo que acho que aconteceu é que, à posteriori, cada Associação decidiu adaptar à sua realidade.

Só assim se entende que, por exemplo, AF Porto e AF Lisboa tenham decidido que quem liderava as tabelas, ou estava em zona de subida no momento da paragem dos campeonatos, sobe de divisão. São escolhas.

 

-Como pensa que podia ser resolvido este problema?
A verdade é que este problema é causado por algo adverso à vontade individual e colectiva. É um momento histórico.

À pergunta, como devia ser resolvido, as respostas serão diversas. E qualquer uma delas é potenciadora de discussão.

Percebo quem estava em situação de vencer as competições ou subir de divisão e percebo quem estava em situação de descida. Uns e outros têm argumentos válidos.

Pessoalmente, acho que quem estava em zona de subida, devia poder subir, e não haveria descidas de divisão. Defendo isto, sabendo que está longe de ser consensual.

 

-Que implicações pode ter esta medida no futuro?
arriscaria perguntar que implicações terá esta nova realidade no futuro? Como se poderá ajudar as Instituições a reerguer? Terá a AFB pensado nisto? Terá a AFB idealizado um plano de apoio para que se consiga recomeçar?

Os clubes fazem, época após época um fortíssimo investimento no futebol de formação, no panorama actual e com as implicações económicas que advirão, como ficaremos a nível de patrocinadores, por exemplo?

Com as empresas a passar por constrangimentos financeiros, obviamente que não estarão tão disponíveis  para apoiar os clubes.

A AFB pode e deve ter uma palavra concreta nesta matéria, olhando para os clubes e percebendo que sem a vitalidade dos mesmos, ela deixa de ter sentido.

Todos os anos, em cada inicio de época, as despesas são enormes, espero que haja por parte dos dirigentes associativos o bom senso de defender os interesses dos seus associados.

Mas como o futebol não é a coisa mais importante, neste momento, a preocupação deve ser direccionada para a salvaguarda de todos os Portugueses.
Resguardem-se. Cuidem uns dos outros e logo que possível voltaremos a ver a bola a rolar por esses campos de futebol.