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«Poucos acreditavam que seríamos capazes de lutar pelo título até às últimas duas jornadas»

José Miguel Silva Costa, conhecido na tribo da bola por Gel, estreou-se esta época como treinador no banco de uma equipa sénior. O  treinador de 39 anos, alimentou o sonho do título para o Alegrienses até à últimas jornadas, no campeonato da I divisão da AF Braga, Série B. Na entrevista ao Desportivo online, Gel avalia de forma positiva a prestação da equipa e sublinha que muitos dos jogadores que orienta vão ter um futuro risonho.

Que balanço faz da época do Alegrienses que está mesmo a chegar ao fim?
É muito positivo. Fizemos uma época incrível. A nível de qualidade de jogo, nós e o Maria da Fonte fomos as melhores equipas. Somos um conjunto muito jovem e em alguns jogos isso sentiu-se, principalmente quando era preciso gerir o resultado. Mas isso faz parte do crescimento. Acredito que na próxima época os jogadores estejam mais preparados para controlar essas situações.
Recordo que a base dos jogadores mais utilizados tinha entre os 19 e 21 anos. Depois, infelizmente, tivemos lesões graves de jogadores importantes para a equipa mas tivemos sempre o mérito de fazer dessas contrariedades uma forma de nos unirmos ainda mais. Por isso, só podemos estar muito satisfeitos com o que fizemos. Em muito jogos dava gosto ver esta equipa jogar e prova disso foi a onda que se criou em redor deste grupo.

A classificação está dentro do que planeou ou superou as expectativas?
Quando aceitei este desafio tinha consciência que vinha para um clube que no ano anterior lutou pelo título. Sabia que tinha de construir um plantel competitivo e equilibrado, condizente com a ambição e os objetivos do clube. Tínhamos noção que iríamos fazer um bom campeonato. No entanto, e analisando friamente o que se passou ao longo da época, a equipa merecia mais, até pela qualidade de jogo que apresentou. Infelizmente não conseguimos mas poucos acreditavam que seríamos capazes de lutar pelo título até às últimas duas jornadas.

Que avaliação faz do campeonato?
Esta série é muito competitiva, equilibrada, aliás estiveram quatro equipas a lutar pelo título até às duas últimas jornadas e agora na última ainda há três com essa possibilidade. É uma série com equipas com história na AF Braga, com jogadores com bastante experiência, quer pela sua idade, quer pelo nível onde já jogaram. Para além disso é uma série com bastantes dérbis o que acaba por a tornar ainda mais interessante.

«O Alegrienses e o Maria da Fonte B apresentaram o melhor futebol»

A tabela reflete o valor das equipas?
É sempre difícil responder a essa questão. Cada pessoa tem a sua visão e forma de olhar para as coisas. A verdade é que o futebol é feito de resultados e se a tabela está assim é porque algumas equipas obtiveram melhores resultados do que outras. Como referi anteriormente, as equipas com mais qualidade de jogo foram o Alegrienses e o Maria da Fonte B, mas na realidade é que a tabela é feita por pontos e não pela qualidade apresentada pelas equipas. Há que parabenizar quem conseguir ser campeão porque no fundo será a equipa que foi mais competente.

Existem jovens no plantel do Alegrienses que podem almejar outros patamares?
Sem dúvida…e muitos. A equipa é constituída por jovens com muito potencial e muita qualidade. Prova disso foi o campeonato que fizemos.
O Alegrienses tem o futuro assegurado, acredito que muitos dos jogadores possam dar o salto para outro patamar , pois,  para além da qualidade estão ainda mais e melhor preparados para competir noutros campeonatos. Acredito que muitos deles vão fazer uma carreira interessante.

Sentiu muitas dificuldades na transição do futebol jovem para o banco de uma equipa sénior?
Sinceramente não. O futebol é universal. Joguei muitos anos, quando assim é torna-se mais fácil fazer essa transição. Claro que não é igual treinar formação e seniores mas a bagagem que consegui como jogador ajudou bastante a superar o que poderia ser uma dificuldade.

Quais as maiores dificuldades que sentiu?
Não é fácil trabalhar no Complexo Desportivo da Rodovia. É um campo partilhado e fica sempre a sensação que não estamos a jogar na nossa casa. Não termos aquele balneário, aqueles cantinhos só nossos, é um pouco diferente daquilo que eu estava habituado. No entanto, moldei-me à realidade, pese embora em termos de qualidade de treino estava bastante limitador pela falta de algumas coisas que são essenciais para fazer esse trabalho.

«Direcção faz um trabalho incrível»
Que realidade encontrou no Alegrienses?
O Alegrienses tem pessoas com um grande amor ao clube e com muita ambição. Não falham com nada aos atletas e à equipa técnica, A Direcção faz um trabalho incrível, tendo em conta que anda sempre com a “casa às costas”. O clube merecia outro tipo de atenção e respeito pelas pessoas que gerem o desporto do Município de Braga. Muitas vezes foi tratado com alguma indiferença e a história e as pessoas que o gerem não merecem isso. Aproveito para deixar um apelo para as entidades competentes olharem para a realidade do Alegrienses e da necessidade do clube ter instalações próprias.

 

«Pronto para qualquer desafio»
Já foi convidado a renovar ou pretende abraçar outro desafio?
Ainda não falamos sobre isso. O clube certamente estará a fazer a sua avaliação e a analisar o que tem de ser analisado. Estou agradecido pela oportunidade que me foi dada. Agora também sei que estou preparado para responder a qualquer desafio que me for proposto no futuro.