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Discriminação no futebol de formação

As minhas crónicas semanais procuram abordar as mais diversas temáticas de interesse do futebol de formação. Esta semana o tema discriminação parece-me oportuno, na medida em que com o começo da época desportiva 2019/20, ao nível das camadas mais jovens, parece-me adequado e justo falar e refletir sobre o que pouco ou nada se fala e reflete.

As formas de discriminação são múltiplas e assumem contornos particulares no contexto do nosso futebol, abrangendo desde a discriminação das pessoas com deficiência, com transtornos mentais graves, raciais, do género, do meio social, de orientação sexual, religiosa, etária, entre muitas outras. E, apesar de vivermos num “cantinho” sossegado de Portugal, os riscos estão ao espreitar da esquina, em qualquer clube ou escola.

Infelizmente só os discursos, no plano normativo e dos valores, bem como as leis existentes, não são suficientes (quando existem!) para erradicar as múltiplas formas de discriminação e consequentes maus tratos.

O desporto, em geral, e o futebol, em particular, terão de envolver-se em processos de organização e de formação dos seus agentes que passam pela promoção de uma cultura organizacional de dimensão cívica e ética compatível com ideias do nosso tempo.

Incluir no desporto implica combater os estereótipos, os preconceitos e os processos de estigmatizarão e lutar pela justiça, promovendo a igualdade e a equidade entre todos os seres humanos.

A inclusão deve basear-se na ideia de cada pessoa, cada atleta, é um ser único e a educação desportiva deve dirigir-se ao praticante reconhecendo essa individualidade como fonte de riqueza e originalidade que deve ser potenciada.

Em face do exposto, cabe a cada um de nós, que fazemos parte das instituições desportivas, independentemente do cargo assumido, deixar os discursos e agarrarmo-nos às atitudes.

Quando recebermos na nossa comunidade do clube ou escola um praticante, seja ele gordinho, magrinho, negro, caucasiano ou de outra etnia; rapaz ou rapariga, cristão ou de outra filiação; gay, lésbica, bissexuais, transgénero ou intersexuais, o seu processo de inclusão e acompanhamento não pode e não deve ser diferenciado ou suscetível de discriminação. Deve sim, marcar a diferença!

O desporto tem esta particularidade, é um universo onde cabem todos dizendo-se não à Discriminação!