“Estimados senhores responsáveis pelas organizações comunitárias Futebol Clube de Amares e Município de Amares!
Considerando a Lei de Bases do Desporto, que enquadra o seu objeto definindo as bases das políticas de desenvolvimento da atividade física e do desporto e delega no estado, incumbe ao Estado, às regiões autónomas e as autarquias locais articularem e compatibilizarem as respetivas intervenções que se repercutem, direta ou indiretamente, no desenvolvimento da atividade física e no desporto, num quadro descentralizado de atribuições e competências, colaborando com as instituições de ensino, as associações desportivas e as demais entidades, públicas ou privadas, que atuam nestas áreas; Incentivando a integração da atividade física nos hábitos de vida quotidianos, bem como a adoção de estilos de vida ativa;
Considerando que os clubes e quem assume o compromisso de os gerir tem obrigações e compromissos para com as crianças e jovens, não os abandonando, venho manifestar-me publicamente na qualidade de porta-voz daqueles que não estão a ter voz:
Francisco Sousa, João Pereira, Leandro, Bruno, Diogo Ferreira, João Costa, Filipe, Tiago, Francisco Silva, Richard, Diogo Marco, Gonçalo, Michael, Álvaro, André são jovens sonhadores sub-19 que representam a equipa de Juniores do F.C. Amares, e estando já a ser vítimas de uma conjuntura onde se veem impedidos de treinar no seu habitat por ausência de iluminação, vendo-se obrigados a treinar num topo de lama do Estádio Engenheiro José Carlos Macedo, hoje foram chamados a ir jogar à localidade de Fafe num jogo de Taça AF Braga.
Ao contrário das mais variadas coletividades do país, que disponibilizam transporte para deslocações, todos eles tiveram de se socorrer dos pais e da boa vontade de outros para poderem rumar a Fafe a representar o símbolo do FC Amares. Eu mesmo disse SIM e levei 3 sonhadores, para não se verem impedidos de fazerem o que mais gostam.
O desporto, e o futebol em particular, são ferramentas extraordinárias para o desenvolvimento humano, na promoção de valores éticos, desenvolvimento de competências pessoais, sociais e cívicas.
A ética é um conjunto de valores que todos possuímos que nos levam a tomar decisões e fruto dum litígio entre quem dirige o FC Amares e o Município, hoje os sonhadores que acima identifiquei, estiveram muito perto de ficar em casa!
Se os adultos não se entendem, se os corpos dirigentes das organizações aqui evocadas não se entendem, independentemente da argumentação ou motivação de cada um, nunca, e repito, nunca o sonho destes jovens devia ser beliscado.
O Município de Amares pode não disponibilizar verbas ao clube por motivos que não me interessam, mas a autarquia em momento algum devia permitir que estes jovens se vissem muito perto de não poderem praticar desporto no contexto que escolheram. As crianças e os jovens e seus interesses têm de ser uma prioridade.
Como vamos fixar os jovens na nossa terra? Como vamos promover que eles escolham o nosso movimento associativo como a plataforma ideal para projetar os seus sonhos?
Sim, claro que sim, neste caso quem dirige o clube é o grande responsável, mas peço ao Município, por favor não abandone estes jovens, não os deixem treinar na lama, não os deixem sem transporte!
Deixemos o orgulho de lado, os diferendos e sejamos todos diplomatas, colocando os interesses das crianças e jovens em primeiro lugar. É o apelo que faço a todos quantos tem o poder de garantir as condições básicas para que os nossos filhos mantenham a motivação pela prática da modalidade!
Não esqueçamos que eles já foram vítimas de cerca de um ano e maio sem acesso à prática desportiva. Não vamos agora dar continuidade, não vamos ser motores da desistência de alguns. Vamos todos dar as mãos!
Deixo aqui um apelo muito forte ao Município de Amares, para que assegure que até final de Maio, nada vai faltar a estas crianças e jovens que rumam ao Estádio Engenheiro José Carlos Macedo para tentar a sua sorte, alcançar o sonho. Luz para treinar, piso digno para treinar e transporte para jogar, se o Município assegurar estas respostas, os pais ficarão gratos, os atletas serão mais felizes e os diferendos serão resolvidos noutro momento.
Envio esta carta aberta a pedido daqueles que hoje, em Fafe, correram incessantemente com o símbolo do FC Amares ao peito, e orgulhosamente ali deixaram o seu suor. Estes jovens, amanhã serão o futuro da nossa terra, vamos nós, adultos, agora garantir que não falhamos com nada, eles agradecem.”