Renascer Amares quer transformar o desporto em pilar de saúde, inclusão e comunidade

O movimento independente Renascer Amares, liderado por Álvaro Silva, defende uma nova visão para o desporto no concelho: mais do que competição, o desporto deve ser encarado como um motor de saúde pública, inclusão social e valorização do território. Em entrevista, Álvaro Silva apresenta as principais propostas e prioridades nesta área.

Quais são as principais ideias que o movimento Renascer Amares tem para o desporto?
O desporto deve ser entendido como uma ferramenta essencial de saúde pública, inclusão social e dinamização comunitária. É fundamental apoiar os clubes e associações locais com regras claras, transparentes e sustentáveis, valorizando quem trabalha diariamente com crianças, jovens e seniores.

Queremos promover o desporto escolar em articulação com as escolas e professores de Educação Física, garantindo que todos os alunos tenham acesso a diferentes modalidades.

Pretendemos ainda criar programas de atividade física para todas as idades — desde a infância até aos mais idosos —, incluindo caminhadas, corridas, fitness ao ar livre e desporto adaptado.

Outro objetivo é aproximar o desporto da comunidade, através de eventos regulares que juntem famílias, associações, escolas e empresas, transformando Amares num concelho mais ativo e saudável.

Aproveitaremos também o enorme potencial do desporto de natureza, organizando atividades em trilhos, rios e serras que valorizem o território e promovam estilos de vida ativos.

Por fim, queremos diversificar a oferta desportiva, garantindo espaço para todas as modalidades — coletivas, individuais e emergentes —, para que cada pessoa encontre o seu lugar no desporto.

 

Quais são, na sua opinião, as maiores necessidades do desporto em Amares?
O concelho enfrenta várias carências estruturais e de gestão. Há infraestruturas degradadas ou insuficientes que exigem manutenção urgente e, nalguns casos, requalificação total.

Falta diversificação na oferta desportiva, deixando muitos jovens e adultos sem alternativas além das modalidades tradicionais.

O apoio aos clubes e associações é irregular e pouco transparente, criando desigualdades e fragilizando o trabalho de quem se dedica à formação desportiva.

Também sentimos ausência de programas municipais para todas as idades, especialmente para seniores e para quem procura atividade física de lazer e bem-estar.

Há ainda pouca ligação entre o desporto escolar e o federado, desperdiçando talentos e oportunidades.

Por último, Amares não está a aproveitar todo o seu potencial natural — trilhos, rios e serras — que poderiam ser motores de desporto de ar livre e turismo ativo.

É necessário rever ou criar um novo regulamento de apoio ao desporto?
Sim, é urgente. Defendemos a criação de uma Carta Desportiva Municipal, que sirva de base a toda a estratégia concelhia nesta área.

Esta carta deve mapear todas as infraestruturas existentes, envolver todos os agentes desportivos — clubes, escolas, freguesias, ginásios, associações — e definir prioridades de investimento de forma sustentável e equilibrada.

Propomos também um regulamento de apoios transparente e objetivo, com critérios públicos de financiamento, garantindo igualdade de oportunidades para todos.

A Carta deve promover a diversificação desportiva, integrar o desporto com outras áreas estratégicas, como turismo, saúde e educação, e criar indicadores que permitam avaliar os resultados e ajustar as políticas.

No fundo, trata-se de um plano estruturado, participado e de longo prazo, que evite improvisos e assegure que o desporto seja uma prioridade estratégica para Amares.

Que obras considera prioritárias no setor desportivo?
O exemplo mais evidente do desinvestimento é que Amares não dispõe de um autocarro municipal que possa transportar legalmente crianças com menos de 16 anos — uma falha grave que compromete o desporto escolar e o apoio às associações. Resolver este problema é uma prioridade imediata.

É também fundamental reforçar as associações mais ativas, ajudando-as a captar investimento para requalificar instalações e atrair mais crianças e jovens.

Defendemos a criação de um grande parque verde municipal, um espaço de bem-estar, saúde e convívio intergeracional.

Outro eixo de ação é a requalificação e sinalização da rede de trilhos, integrando-a em roteiros de natureza e desporto de ar livre.

Por fim, queremos investir em infraestruturas de proximidade, como circuitos fitness ao ar livre e zonas de lazer desportivo nas freguesias.

Estas obras não são luxo — são o mínimo essencial para um concelho que ambiciona qualidade de vida e quer preparar as próximas gerações.