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O exorbitante RallySpirit Altice

os ralis de outros tempos, com algumas das máquinas que escreveram as melhoras páginas da história dos ralis! E as expetativas confirmaram-se: dois dias de grandes emoções na estrada, que a sexta edição do RallySpirit Altice transformou em “magia” para mais de 80 equipas e muitos milhares de aficionados do desporto automóvel.

No plano desportivo, destaque para os triunfos de Ernesto Cunha/Valter Cardoso (Subaru Impreza STI) na Categoria “Spirit” e para Pablo Pazó/Ezequiel Simões (Talbot Sunbeam Lotus) na Categoria “Históricos”.

Conduzir um automóvel de quase 500 cavalos não é para todos e fazê-lo sentado ao volante de uma das máquinas que escreveram a história do Campeonato do Mundo de Ralis, muito menos.

Um privilégio só ao alcance de alguns felizardos pilotos, que fazem questão de devolver a história de carros como o Audi Sport Quattro, o MG Metro 6 R4, o Ford RS200 ou o Lancia Stratos ao seu habitat natural: os troços de ralis, em vez de os colocarem num qualquer museu, partilhando, assim, com milhares de adeptos, as emoções vividas na geração de ouro dos Grupo B, dos anos 80.

É este, afinal, o espírito do RallySpirit Altice, que proporcionou uma emocionante viagem ao passado e a fundiu com o presente, onde máquinas mais modernas como os Porsche 991 GT3 ou o Skoda Fabia R5, também aceleraram o ritmo cardíaco dos entusiastas para quem os ralis são uma festa, mesmo em tempo de convalescença pandémica. E não se pense que só as grandes máquinas fizeram aumentar a adrenalina de quem viveu estes dias intensamente na estrada.

Modelos como o Renault 4, Mini Cooper ou SEAT Marbella, alguns com histórico no Campeonato do Mundial de Ralis, também não foram poupados nos aplausos e ovações, arrancando sorrisos por onde passaram, o que demonstra bem a popularidade que o evento alcançou.

Durante dois dias, foram muitos os que não resistiram a acompanhar, na estrada, a sexta edição do evento organizado pela X Racing e Clube Automóvel de Santo Tirso, com epicentro em Barcelos e nas suas seletivas classificativas, mas que também pelas pitorescos troços de Santo Tirso e magníficos cenários da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia, e do Passeio Alegre, na Foz do Douro, no Porto, dando um toque de charme ainda mais especial à etapa portuguesa do “Slowly Sideways Europe”, competição que reúne alguns dos mais emblemáticos “Rally-Legends” da atualidade.

Ao esquema competitivo “apimentado” com oito seletivas provas de classificação em asfalto, que fizeram as delícias dos pilotos, juntou-se ainda a especial de “Boucles Barcelos”, sem tempos cronometrados, mas disputada no original modo de perseguição, que permitiu uma dose de espetáculo acrescida, numa renovada aposta da organização claramente bem-sucedida.

Mas apesar de todo o colorido que envolveu o evento e mesmo numa prova sem pontuações para qualquer campeonato, convém não esquecer que as figuras centrais são os pilotos e diz o seu ADN competitivo que… “perder, nem a feijões”!

Por isso, foi com naturalidade que o RallySpirit Altice 2021 foi bastante disputado, por vezes, explorando até o limite da matemática, como quando, no final do primeiro dia, a diferença entre os dois primeiros classificados das duas principais categorias – “Spirit” e “Históricos” – foi de apenas 0,1 segundos!

Com o acumular de quilómetros, naturalmente, as diferenças cresceram e, cumpridas as sete classificativas disputadas ao cronómetro, ficaram definidos os vencedores, num retrato luso-espanhol.

Entre os concorrentes da Categoria “Históricos”, foi a dupla espanhola Pablo Pazó/Ezequiel Campos a impor a lei, com o Sunbeam Talbot Lotus, inscrevendo o seu nome pela segunda vez no quadro de honra da prova, após o triunfo capitalizado em 2018. O rápido piloto castelhano venceu todas as especiais da segunda etapa, o suficiente para ascender à liderança na sexta classificativa e daí desalojar a equipa Rui Ribeiro/Pedro Fernandes.

À chegada a Barcelos, Pazó não podia estar mais satisfeito referindo que “o balanço não pode ser mais positivo, pois não tivemos problemas mecânicos e vencemos uma prova com troços muito bonitos e muito calor humano por parte dos espectadores. O que nos deixa já com vontade de voltar para o próximo ano, para tentar confirmar o ditado ‘não há duas, sem três´… vitórias!”.

Conformados com o segundo lugar, Rui Ribeiro/Pedro Fernandes, não tiveram dificuldades em superiorizar-se à dupla Joaquim Costa/José Costa que completou o pódio, num dos seis Ford Escort que concluíram a prova entre os 10 primeiros classificados.

Na outra categoria, a “Spirit”, reservada a máquinas com preparação mais liberal, também não faltaram momentos emocionantes, até porque à cabeça da classificação estiveram modelos como o Subaru Impreza STI e Mitsubishi Lancer EVO VI, trazendo reminiscências do Campeonato do Mundo de Ralis, quando os dois modelos mediam forças. Em palco nacional, o pêndulo pendeu para o lado do Subaru, com Ernesto

Cunha/Valter Cardoso a começarem a desenhar a vitória desde os primeiros quilómetros, mas apenas a confirmá-lo ao longo da derradeira etapa, quando tornaram o Impreza STI inatingível para a concorrência.

Na sua primeira vitória no RallySpirit Altice, o piloto não escondia o sorriso por detrás da vitória: “estou muito contente com o triunfo não só porque o Subaru é um carro ‘delicioso’ de conduzir, mas sobretudo porque a vitória foi obtida num evento maravilhoso e que tem um ambiente e uma moldura humana incrível.”

Sem argumentos competitivos para o vencedor, a dupla Armando Costa/Sérgio Rocha acabou por se entreter a lutar com outro Mitsubishi Lancer EVO VI, o de Pedro Leal/Nuno Mota Ribeiro, com ambas as duplas a darem mais um tónico de emoção à parte final da prova e a terminarem separadas por apenas 1,5s.

 

Texto de Miguel Guedes
Fotos de Rui Alberto