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Futebol distrital: Nada voltará a ser como antes

Volto às minhas crónicas semanais junto da comunidade de leitores digitais do desportivo. Procurarei manter uma linha de reflexão orientada para as mais diversas temáticas do futebol de formação e não profissional, afinal de contas é o futebol de Portugal que mais gente e entidades envolve, sendo efectivamente, de alguma forma, o suporte do futebol profissional.

As dissertações e reflexões, em momento algum procurarão ter carácter de verdades absolutas, mas sim aquilo que penso e, sobretudo, a minha opinião, enquanto parte integrante deste futebol.

Para pontapé de saída parafraseando a Sr. Ministra da Saúde: “Nada voltará a ser como antes”. Estou convicto que é frase para atirarmos para cima de qualquer previsibilidade futura, nas mais diversas áreas da sociedade, economia e também em particular no futebol, quer seja amador ou profissional.

Os clubes amadores e seus recursos humanos vivem fundamentalmente de subvenções públicas, donativos publicitários e mensalidades provenientes da formação.

Muito provavelmente iremos assistir a uma espécie de “bola de neve” negativa que se formará a partir das dotações orçamentais mais reduzidas ao nível dos Municípios e Juntas de Freguesia, empresas que irão falir, outras que irão perder grande capacidade financeira e cidadãos desempregados.

Com menores apoios públicos, com menos empresas com capacidade de apoiar os clubes e pais desempregados para pagar as mensalidades dos praticantes, os clubes e quem tutela o movimento federativo regional e local, terão que ir muito mais além na reformulação do futuro.

A Federação Portuguesa de Futebol já deu sinais de querer ajudar, nomeadamente através do Comunicado n.º 436 datado de 09/04/2020, o qual regula a atribuição do Fundo de apoio às Competições da FPF face ao COVID-19.

É algo positivo, mas na minha opinião é muito curto, pois serve fundamentalmente os clubes inscritos nas competições da FPF – Campeonato de Portugal, Liga BPI feminina e Campeonato da II Divisão Feminino, ficando de fora aqui o grosso do futebol nacional, o futebol distrital.

Mas cuidado, enganem-se os que pensam que isto é um donativo, pelo contrário é uma espécie de crédito sem juros que terá de ser pago até 2024, mediante condições especiais de elegibilidade que pode não chegar a todos.

Este Fundo vai também para as associações distritais e perfaz um total de 4.7 milhões de euros. Foi notícia também que este mesmo fundo será reforçado com metade do prémio proveniente do apuramento da nossa selecção nacional para o Euro 2020. Porém, ao consultarmos os comunicados da nossa associação local, AF Braga, até à data não temos nenhuma medida publicada, apesar de ainda irmos a tempo e vamos acreditar que vai acontecer, pois na minha opinião os sacrifícios devem ser partilhados por todos e todas as entidades, pois afinal de contas, nada voltará a ser como antes.