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«Acredito que íamos conseguir não só o lugar de subida como o 1.º lugar»

Bruno Costa diz que a equipa do Martim ainda podia chegar a um lugar de subida e não descartou igualmente a hipótese de terminar no primeiro lugar da divisão de Honra, série A. No entanto, o capitão da equipa barcelense concorda com a posição tomada pelos organismos oficiais em terminar os campeonatos, embora sublinhe, que as equipas que estão num lugar de subida mereciam ser premiadas.  

Quando o campeonato parou o Martim estava no 4.º lugar, com 41 pontos, a sete pontos do Pousa,  primeiro com miais um jogo e  e a seis do Vila Chã, segundo.

Como é que os jogadores, e no seu caso em particular, estão a ligar com esta pandemia?
Antes de mais deixe-me dar os parabéns ao desportivo pelo óptimo trabalho que tem vindo a fazer. Acho que ninguém estava a contar com este vírus que mudou a vida de todos. Tentamos reagir da melhor forma. Falamos todos os dias entre nós, temos as nossas brincadeiras e isso ajuda a esquecer um pouco este momento delicado.

Vai ser uma longa paragem. Isso pode prejudicar a próxima época?
Sim, vai ser uma longa paragem. Quando o campeonato parou faltavam cerca de dois meses e pouco para a época terminar. São muitos meses sem futebol e esperemos que a próxima época inicie perto das datas normais. Se não acontecer teremos que mudar de novo as nossas rotinas.


Acha que o futebol distrital não voltará a ser o mesmo?
Sim, o futebol distrital, assim como o futebol profissional também não voltará a ser o mesmo. Isto atingiu tudo e todos. Mas traz o lado positivo. Não ligar as coisas mínimas e sim ligar ao que de bom tem este nosso futebol. Neste momento sentimos que somos iguais, ninguém é superior a ninguém. Acho que iremos dar muito mais valor a tudo inclusive ao futebol.

  • «Qualquer decisão que tivesse sido tomada não iria agradar a todos»

Concorda com a decisão da FP Futebol e seguida pela AF Braga.  Ou pensa que haveria outra solução?
É uma decisão sempre complicada de tomar. Se para nós é difícil de dar uma opinião  imaginemos aos que têm que tomar uma decisão. É lógico que qualquer decisão que tivesse sido tomada não iria agradar a todos. Mas na minha opinião penso que foi uma decisão acertada. Neste momento, e nos próximos meses, temos de estar em segurança. O futebol com isto passou para segundo plano.
Agora, aquelas equipas que estão em zona de subida mereciam ser premiadas. É um trabalho árduo que os jogadores e todas as estruturas dos clubes têm. Mas também temos de ver que ainda havia muitas equipas a lutar pelos lugares que dão acesso à subida e ainda faltava muito campeonato. É uma decisão que entristece todos os intervenientes do futebol. Temos de perceber que agora jogamos todos juntos na mesma equipa para vencer este momento difícil.

Preferia ter terminado a época?
Preferia terminar a época em condições normais como tem acontecido. Era um sinal que nada disto tinha acontecido. Só nos resta ganhar forças para terminar muitas mais épocas que temos pela frente.

  • «Quem construiu este plantel sabe o valor que ele tem»

Acha que o Martim ainda podia chegar a um lugar de subida?
Sem dúvida. Houve uma fase no campeonato que não estava a correr-nos bem. No entanto, estávamos a recuperar e a ficar perto do nosso objectivo. Acredito que faltou um pouco de sorte também porque somos uma equipa e um grupo que trabalhava arduamente e trabalhava com compromisso. Quando digo grupo digo todos aqueles que fazem parte deste projecto e aqueles que fizeram. O Académico tem pessoas que dão tudo por este clube e isso passa também para os jogadores. Acredito inteiramente que íamos conseguir não só o lugar de subida como o 1.º lugar.

Que balanço faz do campeonato a nível colectivo?
Quem construiu este plantel sabe o valor que ele tem. Conseguiram fazer um plantel muito forte, na minha opinião o melhor desta divisão. Tivemos uma fase da época irregular e como já disse foi isso que nos distanciou um pouco dos lugares de cima. Houve jogos que se calhar poderíamos ter dado mais um pouco, mas principalmente faltou sorte. Mas tenho a certeza que iríamos ser felizes, contudo acho que foi uma época que soube a pouco por esta paragem precoce.

E individual?
Também houve uma fase atribulada porque fui suspenso quatro jogos. A isso juntou-se ainda alguns jogos cancelados e que fez com que estivesse parada mais de um mês. Mas voltei com mais força e fiz o resto dos jogos todos, acaba por ser positivo, mas também com um sabor amargo por esta situação que estamos a viver.

O campeonato foi competitivo?
Sim, foi muito competitivo. Tanta na luta de promoção como na luta pela permanência. Houve duas equipas que surpreenderam: O Vila chã e o Pousa. Que acabaram por fazer uma excelente época. E um FC Amares que praticava um excelente futebol, também com grandes valores. Isso só «prova o valor das equipas deste campeonato. E isso tem de nos deixar orgulhosos, tanto aos jogadores, treinadores e também aqueles que trabalham mais na sombra, mas que são o motor dos clubes. Todas as equipas deram luta até ao último minuto. Que seja assim também nas próximas épocas.

  • «Orgulhoso por ser capitão desta equipa»

Está a ser difícil viver sem futebol?
Começa a ser difícil chegar aos dias em que tínhamos treino e não podermos ir treinar e, principalmente aqueles jogos ao domingo /sábado que todos gostam. Dentro das nossas possibilidades vamos treinando para também não perder a forma física e assim esconder um pouco as saudades que temos. O que não é fácil. Mas tudo por uma boa causa.


E para não mais uma época no Martim?

Ainda não pensei nisso. Estou há sete épocas no Académico de Martim e neste momento sou o capitão de equipa o que me deixa completamente orgulhoso. Admito que há momentos em que penso que se calhar é melhor partir para outras aventuras, mas o coração fala sempre mais alto. Tenho um enorme sentimento por este clube, pelas pessoas que trabalham para esta instituição que sempre me trataram tão bem. Também tenho a noção que as pessoas já olham-me como um jogador do clube. Sou um jogador  que aqui ou noutro clube qualquer dou valor a camisola que represento. Por isso se continuar ou não irei agir da mesma forma.
Para finalizar deixe-me queria uma palavra ao grupo de trabalho, ao meu grupo, aos meus companheiros, desde o fisioterapeuta, ao técnico de equipamentos que são fantásticos, não só como profissionais mas acima de tudo como seres humanos.
À direcção, que são pessoas que amam este clube, e que todos os dias não deixam que nos falte nada. À equipa técnica anterior por ter dado tudo em prol deste clube e dos jogadores e à actual por nos vir dar uma nova vida e também acreditar em todos nós e aos adeptos deste clube que são inigualáveis no futebol distrital.
Por último, a todos os intervenientes deste desporto, um abraço de força e que todos juntos voltaremos muito mais fortes do que aquilo que fomos. Agora pertencemos todos à mesma equipa. Protejam-se a vocês e às famílias. Agora, a prioridade é as nossas vidas. Um obrigado ao desportivo e as maiores felicidades. Continuação do excelente trabalho.