«Queremos justificar em campo o favoritismo que nos atribuem»

A seleção distrital da AF Braga inicia no sábado a fase zonal da Taça UEFA das Regiões, defrontando Viana do Castelo no Estádio Municipal dos Arcos de Valdevez, às 11h00. Na segunda-feira, à mesma hora e no mesmo local, mede forças com Viseu. Às vésperas da competição, O Desportivo conversou com o selecionador distrital, Rui Vasquinho, para perceber os critérios de escolha dos 20 convocados e a forma como analisa os adversários.

Como é que foi o processo de seleção dos jogadores?
O nosso processo assentou na proximidade aos clubes e às direções. Queríamos fazer diferente do que vinha sendo feito. Trabalhámos de forma coordenada, com grande colaboração e articulação entre treinadores e jogadores. Fizemos visitas técnicas informais aos clubes, explicámos o modo de operar e recebemos contributos para que todos se sentissem parte integrante do processo.

Como equipa técnica, observámos 30 jogos em seis fins de semana — quatro por equipa, dois em casa e dois fora — para ver os jogadores em diferentes contextos competitivos. Este trabalho permitiu confirmar a excelente qualidade individual e coletiva dos campeonatos distritais. Temos jovens com muita capacidade e estruturas técnicas de grande qualidade, o que aumenta a nossa responsabilidade na escolha dos 20 finais.

E quais foram as principais prioridades no trabalho de preparação?
A prioridade foi construir uma base de avaliação sólida e realizar treinos que permitissem passar a nossa ideia, modelo e visão. Tivemos 10 unidades de treino e, em média, cada jogador esteve presente em mais de oito convocatórias, o que demonstra continuidade e assimilação dos nossos princípios.

O tempo na seleção é curto. Tivemos de priorizar o essencial, simplificar o complexo e trabalhar de forma objetiva e eficiente. Foi um processo rápido, mas muito focado.

Houve escolhas particularmente difíceis?
Sim, são sempre. Trazer cerca de 55 jogadores ao processo e escolher apenas 20 é difícil. Como temos dois jogos em dois dias e depois um descanso, precisávamos de jogadores com polivalência funcional. Com dois guarda-redes e 18 jogadores de campo, não dá para formar dois onzes distintos, por isso alguém terá de repetir.

Não podemos levar dois jogadores por posição. Tivemos de ponderar atletas que possam desempenhar várias funções: extremos que façam de laterais, médios defensivos que possam ser centrais, avançados que possam jogar nas alas. Alguns jogadores de grande qualidade ficaram de fora por não oferecerem essa polivalência.

Além disso, procurámos rejuvenescimento. A última seleção tinha média de 28,5 anos; agora baixámos para cerca de 24. Temos 10 a 12 jogadores abaixo dos 24/25 anos e os restantes entre os 27 e 29. Acima dos 30 não temos ninguém.

Que características destaca nas seleções de Viseu e de Viana?
São duas excelentes equipas. Viana já foi vice-campeã nacional e conheço bem a sua qualidade. Viseu tem uma seleção muito jovem, com atletas formados em academias fortes que depois se distribuem pelos clubes da distrital. Sabemos que estas fases finais se decidem no pormenor — jogos de 1-0, 2-1.
Partimos com responsabilidade, compromisso e ambição de vencer o grupo. De fora dão-nos favoritismo, e queremos justificá-lo em campo.

E em dois jogos não há margem para erro…
Exatamente. São duas finais. Não é campeonato, é eliminar. Uma derrota no primeiro jogo complica muito o apuramento, mesmo que possa surgir um cenário de três equipas com três pontos. Estamos preparados para vários cenários dentro dos próprios jogos. Os jogadores sabem que, se houver um dia menos bom, poderá haver alterações imediatas. Há espírito de ajuda e compromisso coletivo para alcançar o objetivo: chegar à fase nacional.